Dharana, em sânscrito, origina-se da palavra drsi, que significa olhar. Drst é a fixação do olhar e Dharana é a concentração do olhar em um único ponto. Dharana é a sexta parte do Yoga Sutra de Patanjali e é frequentemente considerado o “primeiro estágio da meditação”.
A porta de entrada para o processo meditativo se divide em três etapas: Dharana (concentração), Dhyana (meditação) e Samadhi (estado de superconsciência). Juntos, eles formam o Samyama, que representa o controle total sobre a mente.
O Ekagrata, que significa “um ponto” em sânscrito, é um exercício de retenção da atenção a um único ponto. Além de focar nesse único ponto, tudo ao redor é silenciado. Esse ponto pode ser uma parte do seu corpo (nariz, intercílio, meio da testa), algo abstrato como um mantra (palavras ou frases sagradas recitadas durante a meditação) ou os chakras (centros de energia no corpo humano segundo a tradição indiana), algum sutra de sua preferência ou ainda algum objeto externo como mandalas, a chama de uma vela, uma
estrela, a lua…
A ideia desse processo e dessa parte do exercício é fazer com que a sua atenção plena esteja focada num único ponto, desligando os sentidos do corpo e da mente. Todos os outros ensinamentos que vimos até aqui são a base para o processo meditativo.
Através dos yamas (restrições ou abstinências como não violência, verdade, não roubar) e nyamas (observâncias ou disciplinas como pureza, contentamento, auto estudo), aprendemos o autocuidado e o cuidado com o próximo. Aprendemos a disciplina, o estudo e o auto estudo, o desapego, o contentamento e até mesmo a paciência através dos Asanas. Aprendemos a não resistir e a respeitar o nosso próprio tempo de evolução.
A compreensão e utilização dessas ferramentas serão os pilares de sustentação para a sua meditação.
Dharana é a abstenção do corpo das percepções externas (sons, cheiros, texturas e sensações físicas) e o foco da mente num único ponto (seja esse externo ou interno). Aqui no Dharana, os pensamentos ainda são comuns. A prática do Dharana não é eliminar os pensamentos ou não pensar. Ao contrário do que se pensa e se diz por aí, é sim observar esses pensamentos de maneira imparcial, trazendo sempre a sua mente de volta
para o objeto do seu foco de atenção.
Abstrair os pensamentos não significa ignorá-los ou se esforçar para que saiam da sua mente. É na verdade o oposto disso. Abstrair seus pensamentos é entender que eles existem, que trazem consigo milhões de emoções e contemplá-los com paciência. Observar suas nuances e variáveis se distanciando ao máximo das sensações que esses pensamentos trazem. Por isso a concentração em mantras, chakras e objetos externos é utilizada. Para que você possa trazer sua mente ativa e cheia de ideias de volta para esse
lugar seguro.
“Do estudo deve-se passar ao Yoga. Do Yoga deve-se passar ao estudo. Pela perfeição no estudo e no Yoga percebe-se a Consciência Suprema. O estudo é um dos olhos com que se percebe o Ser. O Yoga é o outro. Aquele que é uno com o Ilimitado não vê mais com os olhos do corpo.”
Viṣṇupurāṇa (VI:6.2-3)