A Medicina Integrativa é um conceito que tem ganhado espaço em todo o mundo — mas, para compreendê-la verdadeiramente, é preciso olhar para sua origem, seu propósito e o modo como ela vem sendo (re)interpretada ao longo do tempo.
Onde surgiu o termo “Medicina Integrativa”?
O termo “Integrative Medicine” foi cunhado nos Estados Unidos na década de 1990, por médicos e pesquisadores da área acadêmica, como o Dr. Andrew Weil, da Universidade do Arizona. Naquele período, observava-se um crescente interesse do público por terapias complementares e alternativas, mas muitas delas ainda estavam à margem da medicina convencional e careciam de estudos científicos.
A proposta da Medicina Integrativa era, justamente, criar uma ponte entre esses dois mundos: unir o rigor científico da medicina moderna com práticas terapêuticas tradicionais e complementares, de forma ética, segura, baseada em evidências e centrada no paciente.
O que significa, de fato, Medicina Integrativa?
A Medicina Integrativa não é uma junção aleatória de práticas. Trata-se de um modelo de cuidado que considera a pessoa como um todo — corpo, mente e espírito — e valoriza a relação terapêutica entre o profissional de saúde e o paciente. Seu foco está na promoção da saúde, prevenção de doenças e no fortalecimento da capacidade de autocura do organismo.
Nesse modelo, medicina convencional e práticas complementares são utilizadas lado a lado, quando há embasamento científico e quando essas abordagens são seguras, respeitando a individualidade de cada paciente.
O uso do termo no Brasil e suas distorções
Com o tempo, o termo “Medicina Integrativa” passou a ser utilizado amplamente, inclusive no Brasil. No entanto, é importante destacar que nem toda clínica que oferece múltiplas terapias está, de fato, praticando Medicina Integrativa. Muitas vezes, o que se vê é apenas a justaposição de serviços, sem integração real entre os profissionais, sem protocolos compartilhados e sem o cuidado centrado no paciente.
Medicina Integrativa não é oferecer tudo, mas saber quando, como e por que integrar. É preciso conhecimento, formação, responsabilidade técnica e, acima de tudo, uma filosofia de cuidado verdadeiramente integrativo.
Desafios da Medicina Integrativa no futuro
O maior desafio da Medicina Integrativa nos próximos anos será manter sua essência diante da popularização do termo. À medida que cresce o interesse do público por abordagens mais naturais, aumenta também o risco de banalização e uso comercial indiscriminado do conceito.
Outros desafios importantes incluem:
- Produção e divulgação de evidências científicas robustas sobre terapias integrativas.
- Formação adequada de profissionais, com visão crítica, ética e multidisciplinar.
- Integração com políticas públicas de saúde, como já ocorre em parte no SUS com as Práticas Integrativas e Complementares (PICS).
- Criação de modelos de assistência sustentáveis, que ofereçam qualidade e segurança, mesmo fora dos grandes centros.
A Medicina Integrativa, em sua verdadeira forma, é uma evolução no cuidado em saúde. E é esse modelo que buscamos praticar na Clínica Hiraoka: uma medicina que acolhe, respeita, integra e transforma.