Frequentemente escuto no meu cotidiano a seguinte afirmação: mas eu não acredito muito na acupuntura.
Essa questão sobre “acreditar” ou não na acupuntura vem de épocas mais antigas (estamos falando aqui de uma técnica milenar!), de quando ainda não existia trabalhos ou evidências científicas sobre o tema.
A partir da década de 70, as pesquisas cientificas começaram a decifrar os mecanismo de ação da acupuntura no nosso organismo conforme o entendimento contemporâneo ocidental.
Pesquisadores importantes como Mezack, Wall, Hugher e Hans demonstraram a teoria das comportas no controle da dor e a liberação de endorfinas pela acupuntura através de belíssimos trabalhos científicos.
Em 1987, Pomeranz demonstrou que o estímulo da acupuntura ativava terminações nervosas A-δ e C nos músculos, levando o sinal até a região da coluna e gerando a liberação de dinorfinas e encefalinas.
Já em 1998, foi a vez do National Institute of Health (NIH) reconhecer a oficialmente a acupuntura em uma conferencia nacional nos EUA.
E a partir de 2000, grandes trials realizados na Alemanha, envolvendo milhares de pacientes com diversas patologias, confirmaram cientificamente os benefícios da acupuntura.
Aqui iremos resumir os principais mecanismos de ação da acupuntura no nosso organismo.
Didaticamente separamos eles em 5 grupos:
- Efeitos Locais
- Efeitos Segmentares ou Medulares
- Efeitos Extrassegmentares
- Efeitos Centrais
- Efeitos Musculares ou Pontos Gatilhos Miofasciais
Efeitos Locais
Trata-se dos efeitos que ocorrem diretamente ou localmente nos pontos de acupuntura.
Logo após a inserção da agulha, diversas substancias são liberadas no local (neuropeptídeos, peptídeo relacionado ao gene da calcitonina, fator de crescimento neural, peptídeo intestinal vasoativo, nerupeptídeo Y) gerando alguns efeitos na região.
Um desses efeitos é o aumento da circulação sangüínea, devido a vasodilatação local. Outro efeito observado é a estimulação do tecido conectivo e das terminações nervosas livres localizadas na região dos pontos de acupuntura.
Efeitos Segmentares
Um segmento consiste em um região que compartilham da mesma inervação (dermátomos, miótomos, esclerótomos, viscerótomos).
Assim, junto com os efeitos locais, as agulhas estimulam as terminações dos nervos da pele (A delta) e/ou dos músculos que levam o sinal até as células da região da coluna (corno posterior da medula). Lá são liberadas as encefalinas, que bloqueiam a transmissão da dor.
Da mesma forma, a acupuntura é capaz de atuar em níveis viscerais através do estímulo de pontos com a mesma raiz nervosa.
A acupuntura é capaz de tratar a dor e os reflexos autonômicos através dos pontos localizados nos músculos e/ou na pele.
Efeitos Extrassegmentar
A acupuntura é capaz de suprimir os centros de dor através da liberação de substancias como as endorfinas, serotonina e noradrenalina. Este efeito se estende por todo o corpo, levando a uma analgesia generalizada e a uma sensação geral de bem estar.
Efeitos Centrais
Após passar pela medula, o estímulo prossegue até a região cerebral (SNC). Lá são estimulados o sistema límbico, o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, o eixo hipotálamo-hipófise gonadal, gerando efeitos reguladores do humor, efeitos no sistema autonômico, sobre o estresse, reguladores do sono, reguladores do sistema imunológico.
Os efeitos centrais também são responsáveis pelo tratamento nas dependências químicas, distúrbios psiquiátricos, náuseas e vômitos, sintomas da menopausa etc.
Efeitos Musculares
Grande parte dos pontos gatilhos miofasciais coincidem com os pontos musculares da acupuntura.
A acupuntura é capaz de liberar/soltar os pontos gatilhos ativos e os latentes, aumenta a circulação sangüínea local e a oxigenação do músculo acometido.
Alguns outros efeitos observados na prática clínica ainda não foram totalmente elucidados pela ciência, necessitando de mais pesquisas para a sua completa compreensão.
Isso demonstra que a acupuntura possui diversos benefícios e que há muito ainda a se descobrir sobre esta técnica milenar e tradicional.