O Yoga, uma prática ancestral que emergiu das profundezas da Índia há mais de 5.000 anos, é como uma árvore majestosa com suas raízes profundamente fincadas no solo fértil da cultura indiana, remontando aos dias da civilização do Vale do Indo, por volta de 3000 a.C. A palavra “yoga”, um presente do antigo sânscrito, significa “união” ou “conexão”, ilustrando a busca incessante pela harmonia interna e a fusão com o Cosmos.
Na Índia antiga, o Yoga ultrapassava a simples ideia de exercício físico: era uma jornada de autodescoberta que tecia uma tapeçaria complexa com os fios do corpo, da mente e do espírito. Estava profundamente enraizado na religião, mitologia e tradições indianas, como um rio que flui a partir de uma fonte primordial.
Muitas posturas de Yoga foram esculpidas à imagem de animais sagrados da mitologia hindu, como se cada pose fosse uma homenagem silenciosa a essas criaturas míticas. O Yoga era visto como um caminho
sinuoso que levava à onisciência e à consciência iluminada, um caminho pavimentado com a sabedoria dos antigos.
No entanto, assim como um rio que serpenteia e se divide em afluentes, o Yoga também passou por uma metamorfose e diversificação ao longo do tempo. Com a chegada do Yoga ao Ocidente no crepúsculo do século XIX e o amanhecer do século XX, surgiu o conceito de “Yoga Contemporâneo”. Este termo é um reflexo das transformações e adaptações que o Yoga passou para se adequar aos costumes ocidentais.
A viagem do Yoga para o Ocidente foi uma saga em si. A prática do Yoga foi exportada da Índia para todos os cantos do mundo, enriquecendo-se com novas culturas e assumindo diferentes formas. Acredita-se que o início do Yoga moderno ocorreu em 1893 quando Swami Vivekananda participou do Congresso das Religiões nos Estados Unidos em Chicago. Antes de Vivekananda, houve outros yogis que cruzaram o oceano em direção à Europa, mas sua influência em termos de divulgação do Yoga foi limitada.
Portanto, o termo “Yoga Contemporâneo” não é apenas um reflexo das mudanças na prática do Yoga, mas também uma homenagem à sua jornada desde as antigas tradições indianas até as academias modernas no Ocidente. É importante notar que a popularização do Yoga no Ocidente foi impulsionada por figuras proeminentes como B.K.S. Iyengar e Pattabhi Jois no século XX, cujos ensinamentos ajudaram a moldar a forma como o Yoga é praticado hoje.
Na tradição indiana, a entrega do aluno ao Yoga era e ainda é profunda e total. A prática não se restringia apenas à execução das posturas físicas (asanas), mas também envolvia uma conexão íntima com o mestre (guru) e a participação em rituais sagrados. O aluno dedicava muitas horas do dia à prática do Yoga, à meditação e ao estudo de textos sagrados. A relação entre o mestre e o aluno era de suma importância, pois o mestre orientava o aluno em sua jornada espiritual.
Os alunos eram encorajados a viver de acordo com os princípios éticos do Yoga, conhecidos como Yamas e Niyamas. Os Yamas representam os cinco valores morais e proibitivos a serem praticados: não violência, compromisso com a verdade, honestidade, continência nos prazeres sensuais, desapego. Os Niyamas referem-se às cinco práticas disciplinares e construtivas: purificação, contentamento, esforço sobre si mesmo, estudo, consagração a Deus.
No entanto, no Yoga contemporâneo ocidental, embora ainda exista uma dedicação considerável à prática, ela é muitas vezes adaptada para se adequar ao ritmo acelerado da vida moderna. As sessões de Yoga tendem a ser mais curtas, muitas vezes durando entre 60 a 90 minutos, e a conexão entre o aluno e o professor pode ser menos direta. Embora os princípios éticos do Yoga ainda sejam ensinados, eles podem não ser tão enfatizados quanto na tradição indiana.
Além disso, com o surgimento do Yoga online, os alunos agora têm a liberdade de praticar Yoga no aconchego de suas próprias casas e em seu próprio ritmo. Isso tornou o Yoga mais acessível para um público mais amplo, mas também pode ter modificado a natureza da conexão entre o aluno e o professor.
Na tradição indiana, a prática do Yoga estava profundamente entrelaçada às religiões budistas e hinduístas. A presença da palavra “yoga” nas religiões indianas é um exemplo de como o termo aparece em textos religiosos. A prática de yoga estava relacionada muito mais com a nossa relação com nós mesmos e com o mundo ao nosso redor. É importante ressaltar que a essência do Yoga – a busca pela união entre corpo, mente e espírito – permanece constante. Seja nas antigas tradições indianas ou no Ocidente contemporâneo, o Yoga continua sendo uma ferramenta poderosa para a autodescoberta e a transformação pessoal.
No entanto, apesar dessa conexão profunda com a espiritualidade e a religião, o Yoga não é uma religião em si. É uma prática que busca o autoconhecimento e a harmonia interna.
Portanto, embora o Yoga possa ter sido influenciado por conceitos religiosos e espirituais, sua essência transcende as fronteiras da religião para abraçar uma busca universal pela paz interior e pelo equilíbrio.
Em suma, embora a essência do Yoga – a união do corpo, mente e espírito – continue inalterada, as formas de prática e dedicação ao Yoga têm se transformado ao longo do tempo e variam entre diferentes culturas e sociedades.