A prática do Yoga é uma jornada de autodescoberta, onde aprendemos que nossa verdadeira consciência, ou Puruṣa, é distinta das falsas identidades que são vistas como uma evolução da matéria primordial, a Prakṛti. Esses conceitos, Puruṣa e Prakṛti, são pilares do sistema filosófico do Sankhya, que, juntamente com o Yoga, compõe dois dos seis sistemas filosóficos da Índia.
Com essa compreensão, podemos explorar mais profundamente o objetivo supremo do yoga: a libertação, conhecida como Moksha. Moksha é um despertar, uma fuga do ciclo de nascimento e morte. O Yoga Sutra de Patanjali nos ensina que o yoga é a quietude das oscilações da mente, expresso como “Yogash Chitta Vritti Nirohdah”.
Isso significa que, através do yoga, podemos aprender a acalmar a mente, evitando a constante flutuação das emoções, o que nos conduz a um estado de paz e tranquilidade, libertando-nos do ciclo de nascimento e morte.
Nessa jornada, a compreensão e o gerenciamento de nossas emoções são fundamentais. No entanto, isso pode ser um desafio, pois nossas emoções podem ser complexas e, às vezes, avassaladoras. Aqui é onde o conceito de Shatsampatti do Yoga se torna útil. Shatsampatti refere-se às seis virtudes que nos ajudam a manter o controle sobre nossas emoções e a alcançar a paz interior. Essas virtudes atuam como faróis no caminho para a autocompreensão e a autolibertação.
As seis virtudes de Shatsampatti são:
- Shama: Refere-se à calma interior e à paz de espírito.
- Dama: É a habilidade de controlar os sentidos e, portanto, as reações aos estímulos externos.
- Uparati: É a renúncia a qualquer coisa que não se encaixe no seu dharma (dever).
- Titiksha: É a perseverança através do sofrimento.
- Shraddha: É a confiança e a fé no caminho do Jnana yoga.
- Samadhana: É a concentração total e o foco da mente.
Reconhecer a diferença entre uma emoção e um sentimento é um passo fundamental na jornada do autoconhecimento e libertação. A emoção é uma resposta imediata a um estímulo ambiental. Por exemplo, quando você está com fome e vê um prato de comida, sua boca pode começar a salivar ou seu apetite pode aumentar. Essas são reações emocionais automáticas e transitórias ao estímulo da comida.
No entanto, é importante não se apegar às emoções, pois elas são efêmeras e mudam rapidamente. Assim que você se alimenta, a emoção da fome desaparece. Isso ilustra a natureza transitória das emoções – elas vêm e vão em resposta a diferentes estímulos e situações.
A prática do yoga, especificamente através do conceito de Vairāgya, nos ensina a importância do desapego. Vairāgya é um termo sânscrito que se traduz como “desapego”. No contexto do yoga, Vairāgya refere-se à prática de desapego das emoções transitórias e dos desejos mundanos. Através da prática de Vairāgya, podemos aprender a observar nossas emoções sem nos apegarmos a elas, permitindo-nos perceber sua natureza transitória.
Ao praticar o desapego e reconhecer a natureza transitória das emoções, podemos nos libertar do apego emocional e avançar em nossa jornada de autoconhecimento e libertação. Isso nos permite viver de uma maneira mais equilibrada e consciente, respondendo às situações com clareza e compreensão, em vez de sermos levados por nossas emoções transitórias.
Por outro lado, o sentimento é o resultado de uma experiência emocional. Diferente das emoções, os sentimentos são gerados a partir das emoções e essas reações são automáticas.
Um sentimento é uma resposta emocional prolongada a um estímulo ou evento. Ele é criado a partir de uma emoção e tem a capacidade de persistir muito depois que o estímulo original desapareceu. Por exemplo, se você estivesse com muita fome e alguém te oferecesse comida, a emoção inicial de alívio ou satisfação poderia rapidamente se transformar em um sentimento mais duradouro de gratidão ou simpatia pela pessoa que te alimentou. Esse sentimento poderia persistir mesmo depois de você ter saciado sua fome, influenciando sua percepção e comportamento em relação a essa pessoa no futuro.
Por outro lado, se você estivesse com fome e não conseguisse se alimentar, a emoção inicial de frustração ou desespero poderia se transformar em um sentimento mais duradouro de tristeza, raiva ou ressentimento. Esse sentimento poderia persistir mesmo depois que a situação original tivesse passado, afetando sua percepção e comportamento em situações futuras.
Portanto, é importante entender que, embora as emoções sejam respostas temporárias a estímulos específicos, os sentimentos são experiências emocionais mais duradouras que podem influenciar significativamente nosso comportamento e percepção. A prática do yoga e a meditação podem nos ajudar a reconhecer e gerenciar nossos sentimentos de maneira mais eficaz, promovendo a paz interior e o bem-estar emocional.