A massagem é uma tecnologia ancestral, uma prática milenar que vem sendo aprimorada e validada pelos resultados que proporcionou ao longo desses milhares de anos e por estudos contemporâneos que asseguram a sua potência como ferramenta de cuidado com a saúde integral do ser humano. Longe de se restringir ao alívio de tensões musculares, a massagem atua de forma abrangente sobre o corpo, integrando estímulos positivos nos sistemas neurológico, imunológico, circulatório, linfático e psíquico. Atualmente é uma prática reconhecida como uma grande aliada no cuidado integral à saúde.
Seus benefícios mais conhecidos, também a razão maior de sua procura, são os efeitos de relaxamento, alívio e tratamento de dores musculares, assim como a atenuação imediata do estresse e sobrecarga psicoemocional. Do ponto de vista neurofisiológico, esses efeitos se explicam pois o toque, quando acolhedor e afetuoso, estimula a liberação de neurotransmissores como as endorfinas e as encefalinas, responsáveis pela modulação da dor e pela sensação de bem estar. Esse feedback químico contribui para a redução do estresse, melhora do humor e alívio de sintomas da ansiedade ou depressão leve.
Mas além disso, o toque também pode acionar emoções e sensações ligadas a história de vida da pessoa. Ao tocar alguém, tocamos as memórias, os registros de desenvolvimentos afetivos conscientes e inconscientes dessa pessoa. A experiência corporal está intrinsecamente ligada à psiquê (a alma), e as histórias que vivemos ficam registradas neste corpo que sente e pode se tornar mais consciente de si a partir desse espaço de escuta interna proporcionado pelo toque terapêutico qualificado. Reich, por exemplo, se dedicou para entender o processo de somatização de experiências emocionais no corpo e os caminhos possíveis para dissolver couraças musculares que se formam como um mecanismo de sobrevivência em um indivíduo que, em algum nível, teve sua existência ameaçada. Uma liberação muscular, nesse tipo de trabalho somático, resulta não apenas no alívio de uma dor, mas em uma maior carga vital disponível para se expressar, criar e experimentar o prazer de viver.

Como sempre pode melhorar, a massagem influencia a propriocepção, ou seja, a capacidade de perceber nosso próprio corpo em movimento ou em repouso no espaço. A consciência corporal. Ao estimular os mecanorreceptores localizados na pele, músculos e articulações, ela favorece o reconhecimento da orientação corporal, melhora o equilíbrio, coordenação e consciência corporal. Estudos contemporâneos demonstram também que a massagem terapêutica pode reduzir marcadores fisiológicos de estresse (como o cortisol), melhorar a imunidade ao aumentar a atividade de linfócitos T, células importantes do sistema imune, e auxiliar na regulação do sistema nervoso autônomo promovendo estados de relaxamento profundo e recuperação psicofisiológica.
Entretanto, a massagem é uma tecnologia do cuidado que vai além do corpo físico: ela cria um espaço de escuta sensível, onde o toque – consentido, afetivo e acolhedor – favorece processos de reorganização interna, fortalecimento da identidade corporal, autoconhecimento e resgate do prazer de habitar a própria pele.